domingo, 9 de maio de 2010

A ESPERANÇA NUNCA FALHA

Existe uma virtude que não é valorizada até o dia de hoje: a esperança. Ela é chamada de a irmã menor entre as virtudes teologais. De qualquer maneira, São Paulo a valoriza de forma especial: "A esperança não engana, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Rm 5,5).
A prova dada pelo apóstolo é irrefutável: Deus já derramu seu Espírito. Espírito que renova a face da terra em nossos corações (2Cor 1, 22) e nos faz viver nossa salvação na esperança (Rm 8, 24).
A virtude de Abraão não fo simplesmente a fé, mas sua fé expectante. O ancião patriarca de Ur da Caldea soube "esperar contra toda esperança" (Rm 4, 18). Quando o cumprimento das promessas parecia ilógico e até confuso, ele seguiu esperando: (Abraão) esperava a cidade de sólidos alicerces que tem Deus mesmo por aquiteto e construtor (Hb 11, 10).
Em uma ampla sala, quatro velas compartilham sua luz em uma tarde de verão.

Quando o crepúsculo suavizou as cores e as sombras apareceram, um triste diálogo surgiu entre elas.

A primeira vela disse, entre soluços:
- Eu sou a paz... Eu não sei o que faço acesa neste mundo. Os homens preferem a guerra, a violência e o terrorismo. Eu, melhor, me apago... E foi morrendo...
A segunda vela afirmou com decepção:
- Eu sou a verdade... Já não sirvo para nada neste universo. As pessoas preferem viver na mentira e no engano. Sou excluída e mentem tanto uns aos outros. Eu já não teho nada que fazer neste planeta. Melhor, vou desaparecer deste mundo...

A terceira vela se levatou com tristeza:

- Eu sou o amor... Eu já não tenho forças para permanecer viva. As pessoas já não crêem no amor: os casais se divorciam e as famílias se dividem. Reina o egoísmo em tantos lugares. Prefiro extinguir-me... E foi-se apagando...

Davi, um menino de sete anos, entrou lentamente na sala que era iluminada tenuamente pela última vela. Ficou com medo e começou a chorar.

- Tenho medo. Desapareceu a paz, a verdade e o amor. O mundo, meu mundo, está nas trevas. Não quero viver neste caos tão escuro.
A última vela, a única que continuava acesa, iluminou as lágrimas de seus olhos e lhe disse:
- Davi, não chore, não tenha medo. Enquanto eu permanecer acesa, posso acender todas as velas que estiverem apagadas. Eu sou capaz de dar luz outra vez à paz, à fé e ao amor.

O menino perguntou:

- Você é capaz de acender outra vez a luz da paz, da fé e do amor? Quem é você?
A vela respondeu:
- Davi, eu sou a Esperança. Enquanto eu permanecer acesa, nem tudo está perdido.
O menino repetiu:
- Você é a esperança. Enquanto permanecer acesa, nem tudo está perdido?
- Com minha luz se pode acender outra vez a paz, a verdade e o amor.
O menino pegou a vela da esperança e acendeu as outras três, enquanto proclamava: "Com a esperança conseguiremos acender todas as velas apagadas".
As outras velas repetiam em coro: "Com a esperança se acendem todas as velas apagadas".
A esperança torna possível o que esperamos, e podemos acender todas as velas apagadas.
Assim como Abraão viu o dia do Senhor que esperava (Jo 8, 56), nós podemos já viver nossa salvação na esperança (Rm 8, 24).
Assim como o suicídio é porta falsa para quem pedeu a esperança, a força interna que permitiu a sobrevivência nos campos de concentração, ou com a qual Davi derrotou Golias, foi também a esperança.
A nós, cabe a tarefa de ser profetas da esperança, para podermos anunciar que o vale de ossos secos volta à vida graças ao Espírito de Deus, que é capaz de renovar, sim, todas as coisas (Ez 37, 1 -14).
Posso perder tudo, menoas a esperança que me ajuda a recuperar o que antes havia perdido, para vislumbrar o que ainda não recebo, e sobreviver na escuridão da vida, e, ainda, acender outras velas que hoje se apagaram.
Quero ser missionário da esperança nesse casamento que se rompeu, nessa enfermidade incurável, nessa depressão desgastante ou nesse labirinto que parece não ter saída.
Só necessito de uma nova efusão do Espírito Santo, que me faça esperar com toda esperança; que se o Espírito de Deus ressuscitou Jesus entre os mortos, também possa ressuscitar o que está apagado em meu corpo, minha alma e minhas relações com os outros.
Necessito da esperança de que o vale de ossos secos, especialmente o meu, volte à vida e que os prodígios, milagres e as curas, no dia de hojesejam possíveis.

Enquanto permanecer acesa a luz da esperança, tu do é possível.

Trecho retirado do livro: 'Como evangelizar com parábolas' de José H. Prado Flores e Ângela M. Chineze. Editora Canção Nova.

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